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COLETIVOS BUSCAM FORTALECER A PRESENÇA E VALORIZAÇÃO DE PESSOAS NEGRAS NO HEAVY METAL

Por: Andressa Mendes, para o portal O Periférico

A ideia de construir o coletivo Preto no Metal nasceu quando a fotógrafa Indy Lopes tirou algumas fotos de músicos negros que atuavam na cena do heavy metal em Porto Alegre, para compor seu portfólio pessoal. Um grupo de amigos se interessou e sugeriu um ensaio fotográfico que ampliasse a ideia no cenário underground. Hoje, o projeto foi além da representatividade e o intuito é proporcionar ainda mais espaço da na cena para pessoas negras, fomentando o ingresso e incentivando carreiras. 

Segundo informações divulgadas pela revista Rolling Stones, em 2018 o heavy metal foi o gênero musical que mais cresceu no Brasil. No entanto, no Rio Grande do Sul a música pesada ainda sofre com a pouca divulgação por parte do seus seguidores. Um dos principais motivos é a falta de apoio, como destaca Lohy Silveira, um dos idealizadores do Preto no Metal. “Precisa melhorar para que a cena se torne mais produtiva para todo mundo”. A região sul é conhecida pelas poucas oportunidades de carreiras para o gênero musical, fazendo com que bandas migrem para outras regiões do país. A ausência de colaboração, e pouco investimento para a comunidade negra, são decisivos para o impacto.

Tradicionalmente, o heavy metal é conhecido pelo instrumental forte e marcante,  juntamente com efeitos sonoros amplificados por guitarras. O gênero apareceu durante a década de 1960 na Inglaterra e 1970 nos Estados Unidos, e ganhou força entre as classes trabalhadoras, majoritariamente brancas. Mas o que poucos sabem é que a participação da comunidade negra aconteceu vinte anos antes, quando a cantora e compositora Sister Rosetta Tharpe gravou a primeira música considerada rock and roll.  

Tharpe nasceu em 1915, na cidade de Cotton Plant, Arkansas, Estados Unidos. Com seu estilo irreverente, entre os anos 1930 e 1940 ela ganhou espaço ao misturar gospel e violão elétrico em suas composições. Entretanto, mesmo alçando a fama, seu trabalho era pouco valorizado naquela época. Na atualidade, ela é considerada a mãe do ritmo e grande influenciadora do gênero, que no Brasil teve também seu início marcado pela figura negra. Em 1991, a banda Sepultura sofreu repressão por colocar como vocalista Derrick Green. O cantor de origem americana assumiu o destaque após a banda passar por uma reestruturação. A decisão não foi bem recebida pelos fãs e pela imprensa, porém ele se mantém até hoje no grupo. 

O gênero musical não define raça

Apesar de pesquisas apontarem o crescimento do metal no Brasil, ainda é pequena a atuação do negro nesse cenário. O público idealiza a imagem do cantor como fora do padrão, somando-se a questões ideológicas, que fazem com que o indivíduo precise lidar com acusações de vitimização. Segundo Lony “Muitas pessoas quando ouvem falar do projeto pensam que o preto não está no metal porque não quer. Mas, já se parou para pensar porque ele não quer? Quais são as consequências disso? Quais são as origens disso?”. O coletivo ganhou vida a partir da causalidade, e o seu compromisso é abraçar a luta e pôr em cena o preto.

Para o futuro, o Preto no Metal imagina a realização de mais ensaios fotográficos que apareçam em outras cidades do Brasil. Além disso, querem levar a discussão sobre o cenário musical para as escolas da região metropolitana da capital gaúcha. No entanto, a pandemia da covid-19 afetou o mundo todo e com eles não foi diferente. Um dos focos era a produção de um documentário, trazendo uma sintése da participação do negro no metal e dando voz ao público. O grupo pretende em breve retomar as gravações.

A indiferença e falta de empatia ainda são barreiras pelas quais as pessoas que desejam ingressar neste contexto precisam enfrentar. O gênero não é característico de uma raça ou forma física. “Muitas vezes o preto entende que o seu lugar não é fazendo heavy metal, por acharem que isso é um sonho de branco”, explica Lohy. O metal não pertence a um grupo, assim como o rap não é de exclusividade preta. Apesar de muitos ritmos acabaram servindo de rótulo para algumas regiões do mundo. Em um apanhado mais cultural, sim, existem músicas de determinadas culturas, mas elas são para todos e cada pessoa absorve do seu jeito.

O som pesado é marcado pela forte presença masculina, mas assim como outros gêneros, o metal também é um ponto de encontro para mulheres. A página Metaleiras Negras, criada em 2015, e coordenada pela historiadora e professora Juliana Aparecida, surgiu para falar sobre a participação feminina nesse cenário. O projeto teve como influência a cantora brasileira Hanna Paulino e a sonoridade marcante de Sister Rosetta.

Atualmente, o projeto mudou seu foco e passou a falar sobre pessoas negras, independente da identidade de gênero. A idealizadora vê que o racismo acontece tanto com mulheres quanto com homens negros que integram bandas de metal. “Precisamos alcançar mais coisas. Já conquistamos algo, que é o resgate da história que nos foi tirada, mas nunca terá fim. A luta precisa ser constante”, afirma Juliana. Ambos os projetos proporcionam diálogos e reflexões diante do racismo e representatividade. É necessário sair do conformismo e questionar o comportamento social dentro do cenário musical, para que assim possamos  ressignificar a memória e apoiar a diversidade.

A indiferença e falta de empatia ainda são barreiras pelas quais as pessoas que desejam ingressar neste contexto precisam enfrentar. O gênero não é característico de uma raça ou forma física. “Muitas vezes o preto entende que o seu lugar não é fazendo heavy metal, por acharem que isso é um sonho de branco”, explica Lohy. O metal não pertence a um grupo, assim como o rap não é de exclusividade preta. Apesar de muitos ritmos acabaram servindo de rótulo para algumas regiões do mundo. Em um apanhado mais cultural, sim, existem músicas de determinadas culturas, mas elas são para todos e cada pessoa absorve do seu jeito.

O som pesado é marcado pela forte presença masculina, mas assim como outros gêneros, o metal também é um ponto de encontro para mulheres. A página Metaleiras Negras, criada em 2015, e coordenada pela historiadora e professora Juliana Aparecida, surgiu para falar sobre a participação feminina nesse cenário. O projeto teve como influência a cantora brasileira Hanna Paulino e a sonoridade marcante de Sister Rosetta.

Atualmente, o projeto mudou seu foco e passou a falar sobre pessoas negras, independente da identidade de gênero. A idealizadora vê que o racismo acontece tanto com mulheres quanto com homens negros que integram bandas de metal. “Precisamos alcançar mais coisas. Já conquistamos algo, que é o resgate da história que nos foi tirada, mas nunca terá fim. A luta precisa ser constante”, afirma Juliana. Ambos os projetos proporcionam diálogos e reflexões diante do racismo e representatividade. É necessário sair do conformismo e questionar o comportamento social dentro do cenário musical, para que assim possamos  ressignificar a memória e apoiar a diversidade.

© 2021 por Andressa Mendes. Criado com Wix.com

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