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Mundo invertido
Por: Andressa Mendes
Algo gritava na minha mente, a voz do inevitável. Depressa, ela dizia. Mas depois de passar pela primeira curva, já tinha me esquecido de como respirar, tudo de repente pareceu se agigantar. Droga, deu mal sorte sentar do lado esquerdo do ônibus.
No entanto, era curioso imaginar como tudo se entrelaçavam harmoniosamente, prédios, lojas, restaurantes. Com certeza, estava longe do Kansas, de Victor Fleming. Na verdade, nunca fiquei tão perdida. Embora não precisasse de GPS, desejei desesperadamente, que todos pudessem ter um naquele momento. Porém, precisava me concentrar, cada vez mais a entrevista era algo eminente. E para o meu êxito, em algum momento, todos escolherem caminhar conforme eu ditava os passos. Adeus, superstição.
Minha tarefa era simples, conseguir o emprego. Mas, o nervosismo não ajudava, a missão sucedida ficava mais distante. A cada movimento, ansiava pelos sapatos mágicos de Dorothy, que poderiam salvar-me da multidão e, a agonizante responsabilidade de ser adulta. Mas não dispunha deste feito. Por um segundo desejei poder voltar no tempo e, ter a opção de trilhar a estrada de tijolinhos amarelos diferente. Afinal, adorava caminhar pelas ruas do centro, sem um destino. Para mim, o lugar certo para se encontrar é onde há múltiplas possibilidades para percorrer. Definitivamente, estou em mundo invertido.
Mantenha o foco! Olho para trás, e imagino como seria escapar deste roteiro, e poder gastar esse tempo, no Mercado Público ou usufruir de uma boa comida no Chalé da Praça XV. Tarde demais, cheguei mesmo ao destino. Entretanto, sento em outro local. E penso, ainda bem que poderei olhar mais vezes para o lado direito, agora.